quarta-feira, 1 de julho de 2020

Filo Arthropoda

     O termo Arthropoda vem das palavras gregas arthros (articulado) e podos (pés), ou seja, pés articulados. Os artrópodes representam cerca de 75% de todos os animais conhecidos, são em torno de 1,2 milhão de espécies descritas, e possuem diversas formas adaptativas e hábitos alimentares.

     A maioria dos artrópodes são pequenos, mas variam desde 0,1mm (Ácaro Demodex sp.) até 4m (Caranquejo Macrocheira sp.).


Características de Arthropoda


     As características dos animais do Filo Arthropoda são:

  • Triblásticos;
  • Protostomados;
  • Celomados;
  • Simetria bilateral;
  • Corpo segmentado (diagnose);
  • Exoesqueleto quitinoso (diagnose);
  • Realizam ecdise (diagnose);
  • Apêndices segmentados articulados aos pares (diagnose).


Segmentação


Imagem: Wikipedia
     Os artrópodes possuem uma série de sômitos (segmentos) que são normalmente bastante rígidos e conectados por membranas finas e flexíveis, que ficam dobradas entre as articulações, possibilitando a movimentação. A maioria possui essa segmentação tanto interna como externa ao corpo, porém grupos de artrópodes mais recentes, tendem a não ter a segmentação externa.

     O primeiro segmento (extremidade anterior - pré-oral) chama-se ácron e o último segmento (extremidade posterior - pós-anal) chama-se télson. O crescimento dos segmentos sempre ocorre entre o penúltimo seguimento e o télson.


Tagmose


     A tagmose é a organização dos segmentos semelhantes, que podem ser até 3 (maioria): cabeça, tórax e abdome. E cada grupo desses segmentos denomina-se tágma. Os artrópodes mais primitivos geralmente apresentam somente a cabeça e tórax, e existem outros que possuem cefalotórax (união da cabeça e tórax) e abdome.

Imagem: adaptado de Diário dos Animais

Imagem: Cruzeiro do Sul Virtual


















Cefalização


     Os olhos podem ser ausentes, simples (centralizado), compostos (o mais comum, sempre lateralizado ou totalmente lateral) ou podem apresentar ocelos, estes no segmento ácron. E também apresentam boca e apêndices cefálicos que variam de acordo com o grupo.


Exoesqueleto quitinoso


     O corpo dos artrópodes é formado pela cutícula, também conhecido como exoesqueleto que, além de ser responsável pela estrutura corporal (resistência, flexibilidade e locomoção), também confere proteção. 

     O crescimento dos artrópodes ocorre através da ecdise ou muda, quando isso acontece, a cutícula sofre processos de endurecimento, que pode ser de uma ou até as duas formas:

  • Esclerotização: endurecimento da cutícula por meio de reações químicas (todos os artrópodes);
  • Mineralização: acontece em alguns animais após a esclerotização, o que torna o exoesqueleto mais rígido com a incorporação de sais de cálcio.

     A cutícula de cada segmento é dividida em 4 regiões principais:1 térgito dorsal, 1 esternito ventral e 2 pleuritos laterais. No exoesqueleto dos artrópodes, existe uma região chamada de apódema, que são as invaginações do exoesqueleto, região onde tem ligação do músculo com a parte interna do apêndice, que também sofre ecdise.


Composição da cutícula


     Alguns artrópodes apresentam colorações em seu corpo, a cor derivada e pigmentos são depositados na cutícula ou no tecido conjuntivo.

     As cerdas presentes são projeções de quitina articuladas ao exoesqueleto e que possuem estruturas variadas, tanto morfologicamente quanto funcionalmente, sendo as principais funções, a proteção, captura de alimentos, aumento de superfície e defesa.

     A cutícula é formada por duas camadas:

  • Epicutícula: mais fina, externa, resistente e impermeável, e é formada por lipídeos, lipoproteínas, proteínas e também pode conter cera;
  • Procutícula: mais grossa, interna, forte e responsável pelo espessamento do exoesqueleto, formada por quitinas e proteínas.


Ecdise


Imagem: Unesp
     O processo de ecdise ou muda, é a troca de cutícula para o crescimento e ocorre em até 90% da vida do animal, mas a maioria morre durante essa fase.

     O principal hormônio que controla a ecdise é a Ecdisona. A ecdise possui 4 etapas: intermuda, pré-muda, muda e pós-muda.

     A intermuda é a fase de crescimento dos tecidos, aumenta o número de células mas o animal ainda não aumenta de tamanho por causa da cutícula que impede. O animal desempenha suas funções normalmente nesse período.

     Na pré-muda, o artrópode sessa a alimentação e busca abrigo. A ecdisona age na pele e começa a transformação: secreção do líquido exúvial pela epiderme entre as duas cutículas, separando-as; degradação da cutícula antiga; e produção da nova exocutícula.

     A fase da muda é o momento de eliminação da exúvia (exoesqueleto velho) que ocorre na linha de fratura (área mais frágil) que, como o próprio nome diz, é uma região que se rompe para que o animal saia de dentro da exúvia.

     A pós-muda é a fase de terminar a produção da endocutícula e endurecimento do exoesqueleto.

     O período em que o animal está entre duas ecdises, ou seja, não está em fase de crescimento, chama-se Instar.





Apêndices articulados


     Os animais do Filo Arthropoda possuem apêndices articulados e sempre aos pares. Possuem músculos extensores e flexores para a movimentação e também musculatura estriada, que auxilia em movimentos rápidos.

     Esses apêndices podem ter um único ramo (unirreme) como no casos dos insetos e aranhas, ou dois ramos (birreme) como os trilobitas e crustáceos.


Nutrição e digestão


     O trato digestório de artrópodes é divido em 3 partes: Estomodeu (boca, faringe e estômago), Mesêntero (intestino e hepatopâncreas, este último é um órgão acessório) e Proctodeu (formação de fezes).


Transporte interno 


     Os artrópodes possuem sistema circulatório aberto, a hemolinfa é o fluído presente que circula pelo corpo e cai na hemocele, transportando nutrientes, hormônios, gases e resíduos. Também possuem coração, artérias e sangue. Se o artrópode realizar o transporte de O2, utiliza a hemocianina, uma proteína que contém cobre.


Excreção


     Existem 2 tipos de órgãos excretores em artrópodes:

  • Nefrídios saculiformes: presente principalmente em artrópodes aquáticos. O produto excretado é a amônia;
  • Túbulos de Malpighi: presente principalmente em artrópodes terrestres. O produto excretado é o ácido úrico ou guanina.


Sistema nervoso


     O sistema nervoso dos artrópodes é do tipo ganglionar, onde o sistema nervoso central é composto por cérebro, gânglios e cordões nervosos centrais.

     O cérebro pode ser do tipo Bipartido ou Tripartido. O Bipartido tem em sua primeira parte o Protocérebro (informações visuais) e a última parte o Tritocérebro (comanda o trato digestório). O cérebro Tripartido possui em sua primeira parte o Protocérebro, a segunda parte o Deutocérebro (nervos motores e sensoriais das antenas) e a última parte o Tritocérebro.


Órgãos dos sentidos


     A maior parte dos órgãos dos sentidos dos artrópodes são Sensilas, que é uma região da cutícula que tem função sensorial. Elas podem ser quimiorreceptoras, mecanorreceptoras, higrorreceptores (detecção de umidade) ou proprioceptores (receptores internos).

     Além das sensilas, também podem ter o órgão timpânico (área que detecta e produz som) e o órgão campaniforme (função de endireitamento do corpo).


Trocas gasosas


     Em artrópodes menores, a troca gasosa ocorre na superfície do corpo, sem área especializada para isso. Já nos artrópodes maiores, existem áreas especiais para essa troca: os aquáticos possuem brânquias (simples ou foliáceas) e os terrestres possuem pulmões foliáceos e traqueias.


Reprodução


     A maioria da reprodução dos artrópodes é dióica (macho e fêmea em indivíduos diferentes). Em animais aquáticos a fertilização pode ser interna ou externa, e em terrestres a fertilização quase sempre ocorre internamente.

     Na fertilização interna com transferências de espermatozoides, pode ser:
  • direta: gonóporo do macho entra em contato com gonóporo da fêmea;
  • indireta: sem contato entre os gonóporos.


Desenvolvimento


     São dois tipos de desenvolvimento em artrópodes:

  • direto: o ovo eclode com indivíduo semelhante ao adulto. Não passa por metamorfoses;
  • indireto: ovo eclode com indivíduo ainda em estágio larval, que passará por transformações até a fase adulta.


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